Posso beber álcool a tomar isto?

21-02-2021

O consumo de álcool interfere com medicamentos sujeitos e não sujeitos a receita médica, mas também com produtos naturais. Pode tornar os medicamentos menos efectivos, aumentar o seu efeito ou aumentar os efeitos secundários. O risco é maior quanto maior o número de medicamentos que tomar e maior a quantidade de álcool que ingerir.

Desde os anti-inflamatórios aos anti-epiléticos, passando pelos anti-depressivos e antibióticos, até mesmo alguns suplementos, quando não são seguidas as indicações do médico ou farmacêutico e são associados ao consumo de álcool, podem provocar danos à saúde. Ou, no limite, ficando indisposto pela ingestão de álcool, o vómito irá fazer com que se perca a medicação.

Será sempre melhor evitar beber álcool quando está a fazer medicação, contudo, em algumas situações, o consumo ligeiro de álcool em simultâneo com a toma de medicamentos, se feitos conforme indicado, não causará interferência nem reações.


Se tiver dúvidas sobre a possível interação de alguma medicação e a ingestão de bebidas alcoólicas, tome sempre a medicação, mas não beba sem falar primeiro com o seu médico ou farmacêutico.



Mas como se quantifica o consumo de álcool?


O número de unidades de álcool numa bebida depende do tamanho dessa bebida e da sua quantidade de álcool (percentagem) que se encontra nos rótulos das garrafas, latas, etc.

Por exemplo, a cerveja possui cerca 6%, o vinho 12%, o whisky 40% e shots 40% ou mais. Esta percentagem significa que em cada 100ml haverá 6g de álcool no caso da cerveja, 12g no vinho, 40g no whisky e mais do que isso num shot.

Assim, um copo de 100ml de vinho terá 12g de álcool, se beber dois copos do mesmo tamanho vai ingerir 24g, o que constituiu o limite para um homem adulto saudável ingerir por dia!

Para facilitar a compreensão, foi encontrada a "unidade de consumo de álcool" que corresponde ao volume de qualquer tipo de bebida em que estejam presentes 8g de álcool (por exemplo, no whisky, com 40%, corresponde a 20ml, um pouco mais do que uma colher de sopa!)

O consumo de álcool considerado de baixo risco/sem risco de causar doença do fígado é para o homem adulto 24g/dia (3 unidades) e para a mulher 16g/dia (2 unidades), com um consumo máximo de 5 dias por semana.

O consumo num único dia de maiores quantidades aumenta significativamente o risco.

Ao compararmos estes valores com o valor calculado para o pequeno copo de vinho acima, certamente teremos resposta para a pergunta abaixo.


Quantas vezes, afinal, bebemos de forma não moderada?


Mais vezes do que julgamos.

Ter noção do que significa uma ingestão moderada de álcool poderá fazer a diferença quando falamos da sua toma em simultâneo com medicação.

Sabendo que os medicamentos são modificados/degradados no fígado e no estômago (a taxa de alcolémia aumenta se usar um Inibidor da Bomba de Protões, como o Omeprazol, por exemplo...) e que o álcool é também metabolizado pelo fígado, temos a certeza de que eventualmente existirá um limite na sua capacidade funcional.

A mistura de álcool e de paracetamol é exemplo disso, sendo uma das maiores causas de lesão aguda grave do fígado.

Podem ainda existir outros tipos de reacções quando se mistura um excesso de álcool com medicamentos anti-histamínicos (para alergias), anti-depressivos ou produtos naturais do género da camomila ou da valeriana, como ampliar os seus efeitos sedativos, aumentando a sonolência e reduzindo o tempo de reação. Também quando se mistura álcool com anti-inflamatórios, a probabilidade de hemorragias no estômago pode aumentar.

Existem sobretudo casos em que o consumo de álcool deve ser evitado, como em crianças e adolescentes, na gravidez e amamentação, na presença de algumas doenças e se vai conduzir ou manobrar veículos ou máquinas.


As indicações devem ser estritamente cumpridas!


Se está a fazer uma medicação, não deixe de a fazer por ter um jantar ou uma festa onde irá consumir álcool. Informe-se.


Tomou um medicamento e quer saber se pode beber álcool?