Automedicação. Quem nunca?

21-03-2023

Tempo de leitura: 3 minutos

Em qualquer sondagem, seja por que margem for, o "sim, automedico-me" ganha. A automedicação existe. Faz-se e vai continuar a ser feita. Então que seja, mas com mais segurança, com mais eficácia, com mais saber. Para isso temos de aumentar a literacia em saúde da população.

O primeiro degrau de um sistema de saúde é a forma como cada indivíduo trata de si e das pessoas que lhe estão próximas, seja com actividades saudáveis e apoio social, seja na automedicação e "empréstimo" de medicamentos.

O acesso a grande quantidade de informação, muitas vezes não fidedigna, leva a que cada indivíduo reconheça em si próprio a capacidade de cuidar de si e do outro, dispensando as opiniões de profissionais de saúde.

A automedicação abrange a toma de medicação pontual para sintomas menores, a toma de medicamentos que sobraram de uma prescrição anterior de um tratamento que terminou e a decisão de fazer de forma intermitente uma medicação crónica ou uma medicação utilizada para um sintoma recorrente.

Geralmente, a automedicação é o primeiro recurso para dor, febre, tosse, diarreia, ansiedade e sono e, muitas vezes, os medicamentos que estão "ali à mão" podem, por exemplo, vir a causar dependências ou outro tipo de reacções adversas, por vezes graves.

Quem nunca foi ao armário dos medicamentos e pegou numa das caixas de medicação que sobrou de um tratamento antigo?

Se for o caso de antibióticos (que nunca devem sobrar), a sua toma inapropriada poderá levar a um diagnóstico errado por parte do médico, já que o antibiótico pode "esconder" sintomas e levar à resistência microbiana, o que significa que para uma infecção simples serão necessários antibióticos mais agressivos.

Os antibióticos têm de ser tomados até ao fim das embalagens e, se existirem sobras, devem ser descartadas no VALORMED.



Como diz a campanha do SNS  que está a circular, "antibióticos é tudo ou nada".

Para que a toma de um medicamento seja feita de forma segura e efectiva têm de ser tomadas decisões baseadas numa análise, normalmente, assumida por um profissional de saúde e que inclui desde a avaliação de sintomas, à escolha do medicamento adequado com a respectiva dose, frequência e duração, tendo em atenção a restante medicação e história clínica da pessoa.

Os riscos da automedicação vão desde um "diagnóstico" errado, à eventual sobredosagem por repetição de princípios activos, passando pelo não reconhecimento de efeitos adversos e pelas possibilidades de interacção (com algum produto natural, por exemplo) e, por vezes, até à falha da via de administração (há quem tente engolir supositórios)...

A automedicação não pode ser evitada nem eliminada, como tal, pode e deve ser melhorada com a educação para a saúde da população, não só acerca da forma correcta do uso dos medicamentos, mas também dos riscos do seu uso de forma irracional e é essa uma das razões da existência da Farmacêutica de Família

Aqui, estou disponível para responder a qualquer questão que me seja colocada através do site e redes sociais, respondendo de forma privada e de acordo com as necessidades e condições de cada um, que nem sempre devem ser generalizadas.